Escala PEDro

A escala PEDro foi modificada pela última vez em 21 de Junho de 1999 e a tradução em Português foi finalizada no dia 13 de Maio de 2009. Ajustes ortográficos para a versão Português (Brasil) foram realizados em 12 de Agosto de 2010.

Isso explica brevemente os motivos da inclusão de cada item na escala PEDro. Maiores detalhes de cada item são apresentados no programa de treinamento da escala PEDro.

A tradução e adaptação portuguesa (Portugal) da Escala PEDro foram desenvolvidas por Cláudia Costa e Jan Cabri, através do Centro de Investigação em Fisioterapia, Faculdade de Motricidade Humana (Lisboa). O procedimento foi de acordo com as diretrizes presentes em: “Guidelines for the Cross-Cultural Adaptation Process” [Beaton D, Bombardier C, Guillemin F, Ferraz MB (2002). Recommendations for the Cross-Cultural Adaptation of the DASH & QuickDASH Outcome Measures; Institute for Work & Health; Revised June 2007]. Inicialmente foi efetuada a primeira tradução de inglês para português por uma tradutora bilingue (língua materna – portuguesa). Esta versão foi averiguada pela investigadora e pela tradutora. Depois passou por um painel de 6 avaliadores (Ana Sequeira, Ana Vidal, Ângela Pereira, João Paulo Sousa, Raul Oliveira e Sofia Pinto) através do processo Delphi online com 5 rodadas necessárias para um consenso de, pelo menos, 5 dos 6 avaliadores em todos os itens. Foi feita então uma retro tradução desta versão para língua de origem, de português para inglês, por outra tradutora bilingue (língua materna – inglês). Posteriormente a autora Anne Moseley comparou a retrotradução com a versão original verificando a equivalência semântica do instrumento. Por fim procedeu-se ao pré-teste para correcções ortográficas e obteve-se a versão final traduzida da Escala PEDro. Esses ajustes foram mínimos apenas para palavras que são escritas de forma diferente, mas possuem o mesmo significado no Brasil ou em Portugal (por exemplo, a palavra “controlo” (Portugal) foi alterada para “controle”). Não foram necessários ajustes gramaticais, semânticos, nem adaptação cultural.

1. os critérios de elegibilidade foram especificados

Notas de administração: Este critério pode considerar-se satisfeito quando o relatório descreve a origem dos sujeitos e a lista de requisitos utilizados para determinar quais os sujeitos elegíveis para participar no estudo.

Explicação: Esse critério é relacionado a validade externa, mas não é relacionado a validade interna ou validade estatística do estudo. Esse item foi incluído na escala PEDro para que todos os itens da escala Delphi fossem representados na escala PEDro. Esse item não é utilizado para o cálculo do escore PEDro.

2. os sujeitos foram aleatoriamente distribuídos por grupos (num estudo crossover, os sujeitos foram colocados em grupos de forma aleatória de acordo com o tratamento recebido)

Notas de administração: Considera-se que num determinado estudo houve distribuição aleatória se o relatório referir que a distribuição dos sujeitos foi aleatória. O método de aleatoriedade não precisa de ser explícito. Procedimentos tais como lançamento de dados ou moeda ao ar devem considerar-se de distribuição aleatória. Procedimentos de distribuição quase-aleatória tais como os que se efectuam a partir do número de registo hospitalar, da data de nascimento, ou de alternância, não satisfazem este critério.

Explicação: Distribuição aleatória assegura que os grupos de tratamento e controle são comparáveis (dentro dos limites de acontecimentos “ao acaso”).

3. a distribuição dos sujeitos foi cega

Notas de administração: Distribuição cega significa que a pessoa que determinou a elegibilidade do sujeito para participar no estudo clínico desconhecia, quando a decisão foi tomada, o grupo a que o sujeito iria pertencer. Deve atribuir-se um ponto a este critério, mesmo que não se diga que a distribuição foi cega, quando o relatório refere que a distribuição foi feita a partir de envelopes opacos fechados ou que a distribuição implicou o contacto com o responsável pela distribuição dos sujeitos por grupos, e este último não estava implicado no estudo clínico.

Explicação: “Cega” ou “Escondida” se refere ao fato de que a pessoa que determinou a elegibilidade para a inclusão de voluntários ao estudo não sabia, naquele momento, em qual grupo o voluntário seria alocado. Potencialmente, se a distribuição não for escondida (ou cega), a decisão sobre incluir ou não o sujeito ao estudo pode ser influenciada pelo conhecimento prévio do grupo o qual o sujeito seria alocado. Isso pode produzir desvios sistemáticos na distribuição aleatória. Existe evidência empírica que a distribuição escondida é um fator preditivo no efeito terapêutico (veja: Schulz et al, JAMA 1995;273:408-12).

4. inicialmente, os grupos eram semelhantes no que diz respeito aos indicadores de prognóstico mais importantes

Notas de administração: No mínimo, nos estudos de intervenções terapêuticas, o relatório deve descrever pelo menos uma medida da gravidade da condição a ser tratada e pelo menos uma (diferente) medida de resultado-chave que caracterize o ponto de partida. O examinador deve assegurar-se de que, com base nas condições de prognóstico de início, não seja possível prever diferenças clinicamente significativas dos resultados, para os diversos grupos. Este critério é atingido mesmo que somente sejam apresentados os dados iniciais do estudo.

Explicação: Esse critério pode proporcionar uma indicação de viés em potencial que ocorreu ao acaso na distribuição aleatória. Discrepâncias grosseiras entre os grupos pode ser indicativo de procedimentos inadequados de aleatorização.

5. todos os sujeitos participaram de forma cega no estudo

Notas de administração: Ser cego para o estudo significa que a pessoa em questão (sujeito, terapeuta ou avaliador) não conhece qual o grupo em que o sujeito é integrado. Mais ainda, sujeitos e terapeutas só são considerados “cegos” se for possível esperar-se que os mesmos sejam incapazes de distinguir entre os tratamentos aplicados aos diferentes grupos. Nos estudo clínicos em que os resultados-chave são relatados pelo próprio (por exemplo, escala visual análoga, registo diário da dor), o avaliador é considerado “cego” se o sujeito foi “cego”.

Explicação: “Cegar” os sujeitos consiste em assegurar que os sujeitos foram incapazes em distinguir se eles receberam ou não o tratamento. Quando os sujeitos foram certificar que o efeito aparente (ou a ausência do efeito) do tratamento não ocorreu devido a efeitos placebo ou efeito de Hawthorne (que é um artefato experimental que as respostas dos sujeitos são distorcidos pelas expectativas dos pesquisadores).

6. todos os fisioterapeutas que administraram a terapia fizeram-no de forma cega

Notas de administração: Ser cego para o estudo significa que a pessoa em questão (sujeito, terapeuta ou avaliador) não conhece qual o grupo em que o sujeito é integrado. Mais ainda, sujeitos e terapeutas só são considerados “cegos” se for possível esperar-se que os mesmos sejam incapazes de distinguir entre os tratamentos aplicados aos diferentes grupos. Nos estudo clínicos em que os resultados-chave são relatados pelo próprio (por exemplo, escala visual análoga, registo diário da dor), o avaliador é considerado “cego” se o sujeito foi “cego”.

Explicação: “Cegar” os terapeutas consiste em assegurar que os terapeutas foram incapazes em discriminar se os sujeitos receberam ou não o tratamento. Quando os terapeutas estão “cegos”, o leitor se certifica que o efeito aparente (ou a ausência do efeito) do tratamento não ocorreu devido ao entusiasmo ou falta de entusiasmo frente as condições de tratamento e controle.

7. todos os avaliadores que mediram pelo menos um resultado-chave, fizeram-no de forma cega

Notas de administração: Ser cego para o estudo significa que a pessoa em questão (sujeito, terapeuta ou avaliador) não conhece qual o grupo em que o sujeito é integrado. Mais ainda, sujeitos e terapeutas só são considerados “cegos” se for possível esperar-se que os mesmos sejam incapazes de distinguir entre os tratamentos aplicados aos diferentes grupos. Nos estudo clínicos em que os resultados-chave são relatados pelo próprio (por exemplo, escala visual análoga, registo diário da dor), o avaliador é considerado “cego” se o sujeito foi “cego”.

Explicação: “Cegar” os avaliadores consiste em assegurar que os avaliadores foram incapazes em discriminar se os participantes dos estudo receberam ou não o tratamento. Quando os avaliadores estão “cegos”, o leitor se certifica que o efeito aparente (ou a ausência do efeito) do tratamento não ocorreu devido a influências dos avaliadores que mediram os resultados das intervenções.

8. medições de pelo menos um resultado-chave foram obtidas em mais de 85% dos sujeitos inicialmente distribuídos pelos grupos

Notas de administração: Este critério só se considera satisfeito se o relatório referir explicitamente tanto o número de sujeitos inicialmente integrados nos grupos como o número de sujeitos a partir dos quais se obtiveram medidas de resultados-chave. Nos estudo clínicos em que os resultados são medidos em diferentes momentos no tempo, um resultado-chave tem de ter sido medido em mais de 85% dos sujeitos num destes momentos.

Explicação: É importante que as medidas de resultados sejam realizadas em todos os sujeitos que foram distribuídos aos grupos. Os sujeitos que não responderam as avaliações podem ser sistematicamente diferentes daqueles que responderam, o que introduz viés ao estudo. A magnitude desse viés aumenta na medida que o número de participantes que não responderam as avaliações aumenta.

9. todos os sujeitos a partir dos quais se apresentaram medições de resultados receberam o tratamento ou a condição de controle conforme a distribuição ou, quando não foi esse o caso, fez-se a análise dos dados para pelo menos um dos resultados-chave por “intenção de tratamento”

Notas de administração: Uma análise de intenção de tratamento significa que, quando os sujeitos não receberam tratamento (ou a condição de controle) conforme o grupo atribuído, e quando se encontram disponíveis medidas de resultados, a análise foi efectuada como se os sujeitos tivessem recebido o tratamento (ou a condição de controle) que lhes tido sido atribuído inicialmente. Este critério é satisfeito, mesmo que não seja referida a análise por intenção de tratamento, se o relatório referir explicitamente que todos os sujeitos receberam o tratamento ou condição de controlo, conforme a distribuição por grupos.

Explicação: É quase inevitável que não ocorram violações do protocolo de pesquisa em estudos clínicos. São considerados violações de protocolo problemas como: sujeitos não recebendo os tratamentos que deveriam, ou recebendo tratamentos que não deveriam receber. A análise dos dados de acordo com as intervenções que os sujeitos receberam (ao invés de analisar em acordo com os tratamentos que os sujeitos deveriam receber) podem influenciar nos resultados. É também importante que quando for feita a análise, que a mesma seja feita de acordo com as condições planejadas na distribuição aleatória. Isso é comumente chamado de “análise por intenção de tratamento”. Para maiores informações leia Elkins e Moseley, J Physiother 2015;61(3):165-7.

10. os resultados das comparações estatísticas inter-grupos foram descritos para pelo menos um resultado-chave

Notas de administração: Uma comparação estatística inter-grupos implica uma comparação estatística de um grupo com outro. Conforme o desenho do estudo, isto pode implicar uma comparação de dois ou mais tratamentos, ou a comparação do tratamento com a condição de controlo. A análise pode ser uma simples comparação dos resultados medidos após a administração do tratamento, ou a comparação das alterações num grupo em relação às alterações no outro (quando se usou uma análise factorial de variância para analisar os dados, esta última é frequentemente descrita como interacção grupo x tempo). A comparação pode apresentar-se sob a forma de hipóteses (através de um valor de p, descrevendo a probabilidade dos grupos diferirem apenas por acaso) ou assumir a forma de uma estimativa (por exemplo, a diferença média ou a diferença mediana, ou uma diferença nas proporções, ou um número necessário para tratar, ou um risco relativo ou um razão de risco) e respectivo intervalo de confiança.

Explicações: Em estudos clínicos, testes estatísticos devem ser feitos para determinar se a diferença entre os grupos ocorreu ou não “por acaso”.

11. o estudo apresenta tanto medidas de precisão como medidas de variabilidade para pelo menos um resultado-chave

Notas de administração: Uma medida de precisão é uma medida da dimensão do efeito do tratamento. O efeito do tratamento pode ser descrito como uma diferença nos resultados do grupo, ou como o resultado em todos os (ou em cada um dos) grupos. Medidas de variabilidade incluem desvios-padrão (DP’s), erros-padrão (EP’s), intervalos de confiança, amplitudes interquartis (ou outras amplitudes de quantis), e amplitudes de variação. As medidas de precisão e/ou as medidas de variabilidade podem ser apresentadas graficamente (por exemplo, os DP’s podem ser apresentados como barras de erro numa figura) desde que aquilo que é representado seja inequivocamente identificável (por exemplo, desde que fique claro se as barras de erro representam DP’s ou EP’s). Quando os resultados são relativos a variáveis categóricas, considera-se que este critério foi cumprido se o número de sujeitos em cada categoria é dado para cada grupo.

Explicação: Estudos clínicos porporcionam estimativas precisas do efeito de um determinado tratamento. A melhor estimativa (medida de precisão) de um tratamento é a diferença (ou razão) dos resultados entre os grupos de tratamento e controle. A medida do grau de incerteza associado com essa estimativa pode somente ser calculada se o estudo apresentar medidas de variabilidade.

Todos os critérios

A pontuação só será atribuída quando um critério for claramente satisfeito. Se numa leitura literal do relatório do estudo clínico existir a possibilidade de um critério não ter sido satisfeito, esse critério não deve receber pontuação.

Para os critérios 4, 7-11

Resultados-chave são resultados que fornecem o indicador primário da eficácia (ou falta de eficácia) da terapia. Na maioria dos estudos, utilizam mais do que uma variável como medida de resultados.

Downloads da escala PEDro – Português (Portugal)

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